"... e ele, como o combinado, subiu as escadas do apartamento. Um prédio pequeno, mas com escadas largas. Então fui atrás, também como o combinado. Ao chegar lá, por inocência ou timidez (timidez, porque não se adimite incência a um rapaz de 22 anos), ficamos nos encarando sem saber ao certo o que fazer, ele, em seu glamuroso olhar esverdeado, não teve iniciativa alguma, ao contrário de mim, que a vontade de tê-lo em meus braços foi tamanha, que o abracei forte. Ele assustou-se com meu impulso e pediu para que subíssimos mais um lance de escadas, eu concordei. No trajeto de exatamente 9 degraus, havia um deles molhado e o pior aconteceu, ele escorregou nesse - bendito - degrau e caiu rolando pela escada. Tentei segurá-lo mas foi em vão. Eu, 7 degraus acima dele, o vi estirado no chão, desfalecido. Desci estes com um pulo para ajudá-lo, mas foi inútil. Ele estava inconsciente. Desci ao térreo que nem eu sei como tamanha rapidez para pedir ajuda. Encontrei o porteiro e mais dois vizinhos que logo contei o ocorrido e subiram rapidamente para ajudar. Estes três valentes homens o trouxeram para o hall de entrada e o colocaram em um sofá existente. Por sorte ou pela graça divina, meu amado Alencar* abriu seus lindos olhos. Resmungou algo como a dor na cabeça e sentou-se. Eu, aos pulos de alegria e alívio, o abracei. Ele correspondeu, mas com uma ponta de indiferença. Não liguei. (...) Demorou pouco para que eu entendesse sua indiferença diante dos meus abraços, desde a escada até aqui. Escuto passos descendo a escada e quando nos damos conta, desce Aline*, a ex (ou atual - já não sabia) grande paixão de Alencar*, em direção a saída. Seu olhar esverdeado percorre todo o corpo desta, traduzindo pra mim todo o tesão e carinho ainda sentidos por ela. Para mim foi como se todo o instante do mundo parasse ali, naquele olhar que lembro-me perfeitamente. Ao perceber, cai uma lágrima do meu rosto e baixo a cabeça. Ele, ao meu lado sentado, percebe a minha percepção diante do ocorrido a pouco. Alencar* não sabia o que fazer, não queria magor-me por tudo o que tinha feito para ficar com ele, todo o esforço, mas, sem mais o que fazer, pois nem com dez dúzias de palavras ia desmentir o que seu coração tinha acabado de falar através dos seus olhos, levantou meu rosto e com todo o carinho que uma pessoa pode ter pela outra, deu-me um beijo no rosto, retirando-se do local sem olhar para trás".